segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vocação para o cinema

Por: Lucila Cano - Colunista especialista em temas relacionados ao 3º setor; assumiu a coluna em 9/4/2010

O cinema faz a indústria do entretenimento florescer no Brasil. As platéias crescem e as oportunidades de emprego, inclusive em atividades técnicas, seguem o mesmo caminho. É um bom prenúncio para um país que antes só falava de vocação para o futebol e que, agora, poderia investir mais na formação de profissionais para outras áreas. Por que não? Está aí o cinema americano que, mais do que símbolo dos Estados Unidos, tornou-se uma poderosa fonte de negócios, mesmo em tempos de crise.

A temática tem se mostrado fator de impulso para o revigoramento do cinema nacional. Aos poucos, a comédia de costumes – que já foi bem-sucedida no passado – e que continua no presente, firme e forte, figura entre as maiores bilheterias ao lado dos filmes chamados “transcendentais”.

O fascínio pelo assunto é inesgotável e, no meu entender, só o cinema tem a capacidade e os recursos para nos transportar para outros mundos, com todo o movimento, toda luz, toda a magia.

Alguns números comprovam esse sucesso. “Bezerra de Menezes, o Diário de um Espírito”, lançado em 2008, levou mais de 500.000 pessoas às salas de exibição. “Chico Xavier” (2010) conquistou quase 3.500.000 espectadores. “As Mães de Chico Xavier” (2011) atingiu mais de 500.000 e o mais recente, “O Filme dos Espíritos”, também de 2011, foi visto por cerca de 320.000 pessoas.

Empreendedor cultural

Além dos números, é interessante notar a frequência das produções – praticamente uma por ano – e a origem da maioria dos filmes: o estado do Ceará. Assim como o estado da Paraíba vem sendo reconhecido como um polo de informática, o Ceará se revela no cinema e investe na temática transcendental.

Incansável defensor das “causas do bem”, o cearense Luís Eduardo Grangeiro Girão também é um empreendedor de fôlego. Acreditou na força da mensagem espiritualizada, criou a Estação Luz Filmes, assumiu o papel de produtor e reuniu investidores para tocar seu projeto adiante. Começou com “Bezerra de Menezes” e não parou mais.

Mas, para ele, não basta fazer cinema. É preciso ter um projeto social atrelado a tudo o que faz. Nos palcos, em 2011 ele já chegou à IX Mostra de Teatro Transcendental, apresentando peças e grupos teatrais de todo o país em Fortaleza e outras cidades do Ceará.

A lida com os filmes o levou a criar o Festival de Cinema Transcendental e a ampliar as suas fronteiras. Entre 26 e 29 de março, os espectadores de Brasília (DF) assistiram ao II Festival de Cinema Transcendental, que exibiu filmes nacionais e estrangeiros, com destaque para o recém-lançado “Area Q”.

Entre 9 e 12 de abril, é a vez do público de Fortaleza assistir ao festival. Assim como na mostra teatral, o ingresso para o cinema é a doação de dois quilos de alimentos não perecíveis que, depois, serão destinados a entidades assistenciais.

Os organizadores do festival também cogitam exibir alguns filmes para detentos em presídios do estado.

Alcance internacional

“Area Q” estreou em Manaus (AM) em 3 de abril em apresentação restrita a jornalistas. A coprodução Estados Unidos/Brasil (diga-se Estados Unidos/Ceará) entra em cartaz em 13 de abril para platéias de 15 cidades brasileiras.

Trata-se de mais uma investida da Estação Luz Filmes que segue a temática transcendental, mas que visa também o mercado internacional, a começar pelo próprio nome, inteligível em português e em inglês.

Filmado em Quixadá e Quixeramobim, no interior do Ceará, onde proliferam relatos da existência de OVNIs e casos de abdução, além de locações em Los Angeles, nos Estados Unidos, “Area Q” reuniu cerca de 300 profissionais entre brasileiros e americanos.

No elenco, encabeçado pelo ator americano Isaiah Washington, destacam-se os brasileiros Murilo Rosa e Tania Khalill. A direção é de Gerson Sanginitto, carioca com carreira internacional, baseado em Los Angeles. Os efeitos visuais são do cineasta cearense Marcio Ramos.

Essa efervescência cultural “made in Ceará” sinaliza nossa vocação para o empreendedorismo, qualquer que seja a área. É preciso acreditar.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.

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